quinta-feira, 3 de março de 2011

ANO 2007



Bufões gregorianos e a velha história de sempre
Versão do artigo publicada pelo Jornal A TARDE em 25 /10/2007.

Tenho visto que o jornal A TARDE tem feito várias matérias sobre a movimentação cultural em torno das conferências que estão sendo realizadas em toda a Bahia.
Há, porém, muita propaganda política nisso tudo, sobretudo para prefeituras que antes eram do mesmo partido político hoje na situação.
É o caso de Vitória da Conquista, há quase 10 anos de administração petista e que não fez nada de relevante para a cultura neste período. E agora quer mostrar ao governo do Estado.
Aconteceu no dia 30 de setembro, a pseudo Conferência Municipal de Cultura de Vitória da Conquista, frente às outras, em toda a Bahia, promovidas pelo Governo do Estado.
Em dez anos de prefeitura em Conquista, os esforços e projetos para a Cultura foram inexistentes e, agora, frente ao término do mandato político, e por uma lógica pressão ou para mostrar serviço ao governo do Estado, a Secretaria de Cultura local tentou ludibriar o público presente numa mea-culpa disfarçada e ridículo.
O Grupo Caçuá de Teatro não podia se calar e nos manifestamos, pois estamos cansados de eventos meramente políticos, que usam os artistas locais para outros interesses. Vários Bufões (será que eles sabem o que é?) invadiram o Centro de Cultura e saudaram a Gregório de Matos, com epílogos que caíram como uma luva para a ocasião.
A mesa do evento até tentou disfarçar e aprovar a manifestação, mas ficaram claras, nos aplausos da platéia as verdades que falamos.
ESTAMOS AQUI, SENHORES, para exigir respeito e projetos reais para nós, artistas interioranos! Chega de joguetes políticos e inverdades às fuças de todos!
Venham aqui e se joguem na roda conosco, de verdade, sem tanta gente olhando e cercado de políticos! Cultura e arte não são para se fazer sentado numa salinha com computador e cafezinho a toda hora e falando para todo mundo a mesma frase de sempre: ‘Não tem verba para a cultura! Não tem verba para vocês’!
Caiam na real, pois além de artistas, somos guerreiros, respeitamos nossos colegas, desenvolvemos a nossa comunidade, e nem temos salário para isso! E quando não fazemos um projeto, por um motivo ou por outro, falamos verdadeiramente à nossa comunidade e lutamos para conseguir realizá-lo, de qualquer forma.
Isto está acontecendo em toda a Bahia! O artista está desacreditado de tanta promessa, política e corrupção. Em Salvador, explode uma bomba todo dia!
Esperamos, sinceramente, que as coisas e projetos aconteçam, e que chamem para roda quem tem se dedicado e trabalhado, verdadeiramente, para a comunidade, não elegendo gente da mesma panela política; afinal, com ou sem verba, temos sobrevivido e somos reconhecidos em todo Estado, e outras cidades do País, pelo nosso trabalho e competência.
Não vivemos à sombra de ninguém, temos luz própria, coragem, sangue no olho e determinação, além da força e proteção de todos nossos santos catingueiros, nossos mártires e orixás, e de Dionísio, que assim como nós, sempre lutou por esta arte transformadora!
Fiquem espertos! Pois não temos memória curta e muita coisa ainda virá por aí...

Marcelo Benigno é ator, arte educador, artista popular, catingueiro e sertanejo, professor de teatro pela Ufba, diretor do Grupo Caçuá de Teatro, em Vitória da Conquista, Membro do Conselho Fiscal do SATED-BA, e coordenador do Movai- Movimento de Valorização do Artista do interior.








CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA EM CONQUISTA
Bufões Gregorianos, Políticos Mentirosos, e a velha história de sempre. Ai meu saco!

Aconteceu no dia 30 de setembro de 2007 a Pseudo Conferência Municipal de Cultura de Vitória da Conquista, frente às outras, em toda a Bahia, promovidas pelo Governo do Estado.
Em 10 anos de Governo, em Conquista, os esforços e Projetos para a Cultura foram inexistentes e agora, frente ao término do mandato político, e por uma lógica pressão ou para mostrar serviço ao Governo do Estado, a Secretaria de Cultura local tentou ludibriar o público presente numa “meaculpa” disfarçada e ridícula.
Dessa vez, ela não poupou recursos, encheu a cidade de cartazes, outdoor, material de primeira para os inscritos, discursos obsoletos e clichês, e até almoço para os participantes. Uau!
O Grupo Caçuá de Teatro não podia se calar e nos manifestamos, pois estamos cansados de eventos meramente políticos, que usam os artistas locais para outros interesses. Vários Bufões (será que eles sabem o que é?) invadiram o Centro de Cultura e saudaram a Gregório de Matos, com Epílogos (O que falta nesta cidade?) que caira como uma luva para a ocasião.
A mesa do evento até tentou disfarçar e aprovar a manifestação, mas ficou claro nos aplausos da platéia as verdades que falamos.
Não estamos aqui para brigar com o Sr. Secretário Municipal, e não temos nada contra sua pessoa, que fique bem claro, afinal seu cargo é político e não por mérito, e competência o Sr. mostrou nestes anos todos, cumpriu seu papel de político!
ESTAMOS AQUI, SENHORES, para exigir respeito e projetos reais para nós, artistas interioranos! Chega de joguetes políticos e inverdades às fuças de todos!
Nós, do Caçuá, não temos “rabo preso” com ninguém e há 10 anos, desenvolvemos um trabalho cultural exemplar na nossa cidade, na marra, sem o apoio, inclusive, da Prefeitura e da Secretaria de Cultura, recém criada, diga-se de passagem.
Então, antes de falar de Cultura, arte e educação, Sr. Secretário, vossa senhoria devia ver quem realmente tem movimentado a cultura local e valorizar seus Artistas, ao invés de ficar querendo mostrar um serviço tardio para o Governo do Estado, que agora, é do mesmo partido político que o seu.
Venha aqui e se jogue na roda conosco, de verdade, sem tanta gente olhando e cercado de políticos! Cultura e arte não se fazem sentado numa salinha com computador e cafezinho a toda hora e falando para todo mundo a mesma frase de sempre: Não tem verba para a cultura! Não tem verba para vocês!
Tô mentindo?! Agora de uma hora para outra querem me tratar bem, com se eu tivesse memória curta e me vendesse?!
Caiam na real, pois além de artistas, somos guerreiros, respeitamos nossos colegas, desenvolvemos a nossa comunidade e nem temos salário para isso! E quando não fazemos um projeto, por um motivo ou por outro, falamos verdadeiramente a nossa comunidade e lutamos para conseguir realizá-lo, de qualquer forma.
Imagine olhar para trás e ver que não se fez nada pela a cultura de sua cidade? Dá para deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüilo?!
Vocês invadem o nosso teatro, rouba o nosso espaço de trabalho e ensaios, e queriam que nós ficássemos calados?!
A verdade tem que ser dita! E a opinião é pública, graças a Deus e Dionísio!
Isto está acontecendo em toda a Bahia! O artista está desacreditado de tanta promessa, política e corrupção. Em Salvador explode uma bomba todo dia!
Quer dizer que agora, em 2007, tudo vai funcionar, como num passe de mágica e todo mundo vai esquecer os 10 anos de marasmo cultural na nossa cidade?!!
É uma piada?! Posso rir agora?! Pior que nem isso vocês sabem fazer, e o único palhaço, um artista maravilhoso que tinha na cidade, vocês deixaram morrer a míngua, sem trabalho!
Que vergonha, meu Deus!
Que cidade é essa? Que política cultural é essa? E ainda acham que tenho que ficar calado?! Dez anos não são 10 meses! Há muito ainda pra se falar...

Esperamos sinceramente que as coisas e projetos aconteçam e que chamem para roda quem tem se dedicado e trabalhado, verdadeiramente, para a comunidade, não elegendo gente da mesma panela política, afinal, com ou sem verba, temos sobrevivido e reconhecidos em todo Estado, e outras cidades do país, pelo nosso trabalho e competência.
Não vivemos à sombra de ninguém, temos luz própria, coragem, sangue no olho e determinação, além da força e proteção de todos nossos santos catingueiros, nossos mártires e orixás, e de Dionísio, que assim como nós, sempre lutou por esta arte transformadora!

Para saberem mais como foi este maravilhoso e singular evento em Conquista, acessem o site: www.nucleouniversitario.com.br que tem uma matéria legal sobre nossa manifestação!

Abra o olho japonesa! Fiquem espertos! Pois não temos memória curta e muita coisa ainda virá por ai...

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados”.     Mt.5:6
“Em casa de ferreiro o espeto é de pau”. Ditado Popular

Marcelo Benigno é ator, arte educador, artista popular, catingueiro e sertanejo, professor de Teatro pela Ufba, diretor do Grupo Caçuá de Teatro, em Vitória da Conquista, Membro do Conselho Fiscal do SATED-BA, e coordenador do Movai - Movimento de Valorização do Artista do Interior.




                                          
                         CARTA A MÁRCIO MEIRELES

Olá Márcio como vai?

Estamos aqui em Conquista tentando organizar a classe artística para as discussões e posicionamentos sobre as propostas culturais, que por certo virão, neste novo Governo.
Aqui em Conquista, entretanto, está uma guerra entre partidos políticos que insistem em  decidir por nós e nos representar, mesmo quando não são solicitados.
Há uma verdadeira odisséia em torno de quem será o novo coordenador do Centro de Cultura, entre outras coisas!

Na reunião do dia 16 de janeiro, com Hirton e o Superintendente Paulo Henrique ficou um tanto claro que a escolha do coordenador do Centro de Cultura não seria meramente uma decisão política. Não somos idiotas, apesar de caipiras, e sabemos como foi conduzida a cultura em nosso Estado, há anos.
Mas porque essa preocupação toda com o tal Coordenador do Centro?

Vivemos em Conquista numa luta freqüente para tentar ocupar os espaços da cidade, através dos nossos projetos, e você como ninguém,  sabe disso, mas quando a coisa envolve a política tudo muda, de uma hora para outra todo mundo é do partido vencedor ou membro efetivo dos partidos apoiadores, nessa hora, aparece gente do arco da velha se denominando admiradores convictos do partido, na busca desesperada por um cargo ou emprego em algum setor do governo.

Nós artistas trabalhamos diretamente para o desenvolvimento da nossa cidade e ficamos sempre à parte das decisões políticas, cedendo, muitas vezes, lugares a outros  que sempre querem nos representar.

Aqui em Conquista  a classe teatral tem conquistado na marra e na base de  muita luta seu espaço na cidade, sobretudo um espaço de questionamento constante!
Agora imagine, eu, artista  velho de guerra que uso o Centro de Cultura há tanto tempo, não  posso opinar sobre  quem vai “administrar” a minha casa?!
Vivemos criticando o outro, apontando defeitos e quando temos a oportunidade de fazer, repetimos os mesmos defeitos deles?!

Estamos cansados, Márcio de sermos representados erroneamente e manipulados por tantos!
Você sabe como o interior sofre pelo descaso, pela falta de informação e até pela manipulação de idéias e fatos.
Aqui o Secretário de Cultura é um ser inacessível, inatingível e isso não combina com você!
Sei que você continua sendo o mesmo guerreiro que conduzia o Vila, que não mudou, apesar de sua agenda agora não ser a mesma, mas mesmo no Vila você vivia correndo pelos projetos e sempre tinha tempo para nós, sobretudo do interior, e por isso que estamos nos dirigindo a você sem tanta formalidade!

Conquista é um pólo cultural que tem se destacado em toda Bahia como formador de artistas e de platéias.
Pergunte na comunidade quem efetivamente tem trabalhado para este crescimento?! Trabalhado com a comunidade, para o seu crescimento e desenvolvimento não trabalhar para o desenvolvimento meramente individual e isolado!

O Centro de Cultura é nosso e é um espaço importante para classe artística, e devemos ser tratados com respeito e não ficar no meio de mais uma jogada política de distribuição de cargos.

O Centro deveria ser administrado por setores, divididos por área artística e seus respectivos representantes locais.
O Coordenador geral é uma figura importante, mas quem bota a mão na massa somos nós!
Imagine se não tiver classe artística numa cidade, o que acontece? Adianta ter investimentos?  Se nós não fizermos ninguém faz!

Quando um artista de fora vem aqui e lota o nosso teatro, ele vai embora e nada faz pela nossa cidade. Nós, pelo contrário, estamos aqui, dando a cara à tapa, fazendo projetos, tentando sobreviver, Deus sabe como, tentando contribuir com a nossa comunidade.

Fico extremamente chocado com essas coisas, com a política de interesses, pois temos em Conquista a experiência de 10 anos com a administração petista e as minhas recordações não são nada boas, aliás não só as minhas, mas de toda a comunidade.
Dez anos não  são 10 dias! Pergunte a qualquer um o que o Governo Petista fez pela cultura em nossa cidade?
Sejamos realistas, já que o caso é político então!
E agora parece que é a mesma história, só mudam os personagens e lugares.

É muito bom para a cidade ser representada fora pelo sucesso e prestígio dos seus artistas  locais sem nunca ajudar ou participar desta conquista. Nós, por mais que não queiramos, sempre vamos levar a nossa cidade conosco, pois faz parte da nossa história, mesmo que não recebamos nenhum apoio para realizar uma ação cultural sequer!
Não adianta ter mérito e respaldo da comunidade local e de fora, pois as decisões sempre são tomadas e não nos envolvem!

A disputa aqui tá feia e as apostas estão na praça!
Dois nomes foram indicados, por dois partidos diferentes, da mesma coligação, para o cargo Centro de Cultura,  e a briga está rolando numa disputa tanto feia quanto suja!

É lamentável ver isso para um Governo que se diz dono de uma nova postura de mudança!

Gostaria muito que você esclarecesse essas questões com toda a sinceridade que estou tendo agora.
Para você ter uma idéia, só nós de teatro estamos chamando para a discussão, como sempre, os outros só aparecem para colher os louros alheios!

Nessa hora todo mundo é artista, bem relacionado, bem sucedido com experiências de sucesso, e até conhece o Secretário de Cultura pessoalmente, etc e tal.
O nosso interesse é com o desenvolvimento cultural da nossa região e da continuação dos nossos trabalhos e com a transparência dos fatos!

Nós, de Teatro, temos feito muito pela nossa cidade, apesar de outros segmentos culturais terem mais espaços e investimentos que nós.
Artistas populares e sem dinheiro não têm o espaço que merecem, e além do mais, temos opiniões próprias, mobilizamos pessoas, formamos opiniões e isto incomoda  muita gente!

Estamos cansados, Márcio de um jogo que agente tanto critica, mas que acabamos fazendo igual!

Domingo, dia 04 próximo, teremos uma reunião o dia todo, aqui em Conquista, para mais uma vez sentarmos para viabilizar propostas para a nossa região e gostaríamos de saber de você como vamos ficar!

Para que ficar planejando se a política sempre vai estar na nossa frente decidindo tudo de forma arbitrária?!

E falando em política,  você não deve saber, mas quando o PT ganhou em nossa cidade, há 10 anos, derrotando uma administração do PFL, como aconteceu agora em Salvador, houve uma sensação geral de alívio e esperança,  todos achávamos que as coisas iam melhorar e que íamos construir uma nova página da história onde a democracia blá, blá, blá... Passaram um, dois, três, dez  anos e  nada!
Assim também em outras cidades do interior administradas pelo PT, onde a cultura não teve espaço e nem verbas!
Seria um bom artigo fazer uma avaliação sobre a cultura no Governo do PT.

Vocês de Salvador estão passando por algo que já passamos aqui e para nós da cultura não aconteceu nada! Gato escaldado tem medo de água!

Nós aqui só queremos seriedade e seja qual for o governo estamos questionando por melhorias.
Não queremos, mais uma vez, entrar num jogo político e fingir que está tudo muito bom!

Joguem limpo conosco para terem o apoio dos verdadeiros artistas conquistenses, pois  não estamos aqui lutando e trabalhando há tanto tempo para esperar por mais 10 anos para termos as mesmas conclusões.

Estou me dirigindo a você com toda sinceridade e angustia de artista catingueiro e gostaria do seu parecer para nos posicionarmos diante da nossa comunidade  e dos grupos  a qual mobilizamos!
Lembra do texto da peça “Esse Glauber”?
No folder você disse que ao invés de ser um cordeiro, (metáfora aos personagens do texto), que vai para o abate calado, manso, você é como um cabrito ou bode, que grita e se esperneia, fazendo barulho até a morte! Aprendemos com você a brigar e lutar por nossos direitos, e, sobretudo, a acreditar na nossa força e no poder mobilizador da nossa  arte!

Obrigado pela atenção!

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Viva o interior e o artista popular!

Marcelo Benigno
Vitória da  Conquista, 27 de fevereiro de 2007.




Água mole em pedra dura... é a última que morre?!
Novo Governo, novos olhares e nova cultura para a Bahia.


Diz o ditado popular que “Quem espera sempre alcança”, mas prefiro dizer que quem espera demais, às vezes cansa, desilude, enfraquece e até morre, principalmente se a questão for a cultura em nosso país, sobretudo, no interior baiano.
Mas se “Água mole em pedra dura tanto bate, até que fura” o ano de 2007 promete ser de transformação cultural na Bahia, aja vista a proposta do novo Governo de Jaques Wagner no Estado, onde a palavra Regionalização Cultural vem seguida de valorização do artista local e popular.
Tivemos, entre dias 18 e 19 do mês de janeiro, a ilustre visita de dois representantes da Secretaria de Cultura do Estado, em nossa cidade, o Professor Hirton Fernandes e o Superintendente Paulo Henrique, ambos, com propostas esclarecedoras a respeito da nova política cultural para a Bahia.
À princípio, matuto como sou, fiquei só observando, desconfiado, pois cansado de guerra e de tantas promessas que nunca se realizam, este artista popular está devoto fervoroso de São Tomé, embora nunca perca a esperança no seu povo, na sua cultura e arte.
Nas duas reuniões, a primeira realizada no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima e a outra na Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura, estiveram presentes representantes dos principais segmentos artísticos de Conquista, da Prefeitura e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, entre outras instituições culturais conquistenses.
Durante as reuniões foi unânime, nas falas dos representantes de Salvador, a questão que o Governo do Estado pretende valorizar o artista local e transformar os Centros de Cultura, outrora administrados pela Fundação Cultural do Estado, e espalhados pelo interior, em pólos aglutinadores e incentivadores da cultura local, tornando-os centros de transformação para a sua cidade e cidades circunvizinhas.
A idéia é fabulosa e temos trabalhado por ela desde então.
Mas para que isso aconteça deverá haver em toda a Bahia uma revitalização e crença nos artistas interioranos, que há décadas, são desvalorizados e inferiorizados frente aos artistas e projetos das capitais.
Como não tenho memória curta, fizemos várias destas reuniões em gestões políticas anteriores e nada se conseguiu ou muito pouco.
Em 2005, por exemplo, escrevemos através do MOVAI- Movimento de Valorização do Artista do Interior um Documento durante o Projeto Teatro de Cabo a Rabo que acontecia nas dependências do Teatro Vila Velha, em Salvador, sob a coordenação de Márcio Meireles, hoje Secretário de Cultura do Estado.
Na presença de todos os participantes li um artigo que publiquei, questionando mais ações culturais para o interior e, sobretudo, exigindo respeito e projetos para nós. Na época, a própria Funceb abria seu edital de auxílio a montagens de teatro e dança e os valores para o interior e capital representavam a sua visão sobre o artista do interior, sendo que para o artista da capital o Prêmio era de 48 mil e para o interior 6 mil. Ano passado o Prêmio para a capital foi de 60 mil e para o interior de 8 mil. Dá para acreditar?!
O texto ressoou em uníssono entre todos os artistas interioranos participantes do Teatro de Cabo a Rabo e o transformamos em documento, ao qual foi encaminhado para a Funceb e que relembro algumas destas ações agora:

  • Criação de Centros Culturais equipados ou revitalização dos já existentes, em cada cidade, para a utilização dos artistas locais;

  • Criação de um Censo Cultural que registre os artistas que estão trabalhando efetivamente em cada região;

  • Criação de uma rede de intercâmbio entre os artistas do interior com o próprio interior e com os artistas da capital;

  • Criação nos Centros de Cultura, mantidos pela FUNCEB no interior do Estado, de espaços e Projetos de trabalho para os artistas locais, inclusive, menores taxas nas pautas de aluguel das salas e dos próprios teatros para a classe artística local;

  • Priorizar no Calendário e Programação dos Centros de Cultura de cada cidade atividades culturais e artísticas, ao invés de eventos de outras naturezas, que acabam por descaracterizar o propósito dos Centros de Cultura em cada cidade;

  • Participação dos artistas locais na indicação dos Coordenadores dos Centros de Cultura nas suas Cidades, evitando indicações políticas e fora da área de atuação cultural e artística de cada município;

  • Valorizar os artistas interioranos através de um atendimento digno nos Centros de Cultura locais, nos Projetos da FUNCEB, evitando comparações arbitrárias, desiguais e preconceituosas;

  • Inclusão dos artistas do interior em editais que visem o incentivo à produção artística do interior;

O documento não pára por ai e está repleto de ações que precisamos!
Entretanto, para que tudo isso saia do papel vai depender da participação dos artistas locais que são os reais responsáveis pela movimentação cultural em suas cidades.

Transformar os Centros de Cultura em espaços aglutinadores e fomentadores da cultura exigirá investimentos e uma coordenação local forte, ligada à classe artística local, não sendo uma indicação política como acontecia no governo anterior.

Nas reuniões em Conquista, os representantes do Governo do Estado foram enfáticos ao afirmarem que o Governo valorizará o artista local e que o cargo do Coordenador do Centro de Cultura não será uma indicação política.
Esperamos que erros cometidos por ouras gestões sejam esquecidos e enterrados e que finalmente dêem ouvidos a quem faz a cultura e arte em cada cidade do interior.
Imagine como é em todas as cidades que possuem Centros de Cultura com coordenadores equivocados e/ou indicados por mero acordo partidário?
Falo assim, pois em dois anos percorri os Centros de Cultura do Interior e a mesma história se repete, seja em Conquista, Valença, Alagoinha, Jequié, ou nas outras cidades com Centros de Cultura em todo o Estado.

Estamos entusiasmados, com esperança de renovação, mas sem tapar o sol com a peneira, com os olhos bem abertos para que o artista local tenha vez e voz, seja realmente valorizado como merece e que os créditos e suor derramados pela cultura regional sejam enfim reconhecidos, não creditados a outrem ou representados por nomeações políticas.
Chega de apropriações indevidas da nossa cultura e arte por estrangeiros ou falsos representantes que só querem levar o mérito das nossas causas e valores, de uma falsa política cultural que nunca funciona! “Quanto vale ou é por quilo?” Salve, Salve Sérgio Bianchi!!
Queremos investimentos, trabalho e parcerias para continuar com o nosso ofício, contribuindo com a nossa comunidade. A nossa peleja já dura muito tempo, todos conhecem nossos problemas e até as soluções, e nós, sabemos do que precisamos!!
Enquanto esse dia não chega e o sol não esfria, continuamos na labuta por dias melhores, por uma cultura e arte transformadoras e destinadas a todos (as)!
“O boi é quem sobe, o carro é que geme.”
Avante, novo dia! Até o Seminário de Cultura em março.


Marcelo Benigno é ator, arte educador, diretor do Grupo Caçuá de Teatro em Vitória da Conquista, licenciando em Teatro pela Ufba, membro do Conselho Fiscal do SATED-BA, catingueiro arretado e guerreiro pela arte no interior baiano.



                                          VERSÃO PUBLICADA EM REVISTA
Água mole em pedra dura... é a última que morre?!
Novo Governo, novos olhares e nova cultura para a Bahia.


Entre dias 18 e 19 do mês de janeiro, recebemos a ilustre visita de dois representantes da Secretaria de Cultura do Estado, em nossa cidade, o Professor Hirton Fernandes e o Superintendente Paulo Henrique, ambos, com considerações esclarecedoras a respeito da nova política cultural para a Bahia, haja vista a proposta do novo Governo de Jaques Wagner no Estado, onde a palavra Regionalização Cultural vem seguida de valorização do artista local e popular.
À princípio, matuto como sou, fiquei só observando, desconfiado, pois cansado de guerra e de tantas promessas que nunca se realizam, este artista popular está devoto fervoroso de São Tomé, embora nunca perca a esperança no seu povo, na sua cultura e arte.
Nas duas reuniões estiveram presentes representantes dos principais segmentos artísticos de Conquista, da Prefeitura e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, entre outras instituições culturais conquistenses e foi unânime, nas falas dos representantes de Salvador, a questão que o Governo do Estado pretende valorizar o artista local e transformar os Centros de Cultura, outrora administrados pela Fundação Cultural do Estado, e espalhados pelo interior, em pólos aglutinadores e incentivadores da cultura local, tornando-os centros de transformação para a sua cidade e cidades circunvizinhas.
A idéia é fabulosa e temos trabalhado por ela desde então!!
Mas para que isso aconteça deverá haver em toda a Bahia uma revitalização e crença nos artistas interioranos, que há décadas, são desvalorizados e inferiorizados frente aos artistas e projetos das capitais.
Transformar os Centros de Cultura em espaços aglutinadores e fomentadores da cultura exigirá investimentos e uma coordenação local forte, ligada à classe artística local, não sendo uma indicação política como acontecia no governo anterior.
Esperamos que erros cometidos por ouras gestões sejam esquecidos e enterrados e que finalmente dêem ouvidos a quem faz a cultura e arte em cada cidade do interior.
Estamos entusiasmados, com esperança de renovação, mas sem tapar o sol com a peneira, com os olhos bem abertos para que o artista local tenha vez e voz, seja realmente valorizado como merece e que os créditos e suor derramados pela cultura regional sejam enfim reconhecidos, não creditados a outrem ou representados por nomeações políticas.
Queremos investimentos, trabalho e parcerias para continuar com o nosso ofício, contribuindo com a nossa comunidade.
Enquanto esse dia não chega e o sol não esfria, continuamos na labuta por dias melhores, por uma cultura e arte transformadoras e destinadas a todos (as)!
“O boi é quem sobe, o carro é que geme.” Até o Seminário de Cultura em março.

Marcelo Benigno é ator, arte educador, diretor do Grupo Caçuá de Teatro em Vitória da Conquista, licenciando em Teatro pela Ufba, membro do Conselho Fiscal do SATED-BA, catingueiro arretado e guerreiro pela arte no interior baiano.

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